Hoje acordei de manhã e como tantas manhãs olhei para o meu reflexo e não o vi. Não, não me tornei vampira ou qualquer outro ser de outra dimensão e continuo a ter reflexo no espelho, mas a verdade é que tantas vezes olhamos para o espelho e não nos vemos verdadeiramente.
Olhamos, gostamos mais ou menos do que vemos, uns dias mais porque a perceção das nossas vitórias e conquistas está mais ativa, e outros menos pois as nossas falhas, erros e derrotas estão nesse reflexo.
Mas a verdade é que nós somos esse todo. As nossas vitórias, as nossas conquistas, as nossas qualidades e habilidades, mas também o que fazemos menos bem, as nossas crenças, e os nossos impostores. Sim os impostores também somos nós.
Estão no nosso reflexo e são eles que nos retiram a autoestima, são eles que nos limitam o caminho, são eles que nos dizem ao ouvido que não somos capazes e suficientes. São eles, ou melhor somos nós.
Todos os dias acordo e olho para o espelho e vejo todas as minhas dimensões, as boas e as menos boas, as que amo e as que tenho vergonha. Todas elas estão lá e todas elas me tornam quem sou. Assim, inteira imperfeita, mas eu.
Quando eu finjo que o impostor está fora de mim, quando responsabilizo tudo à minha volta pelo meu humor, a minha autoestima, o meu sucesso ou má sorte, estou apenas a desresponsabilizar-me do meu próprio caminho.
Há uns dias ouvi uma metáfora que explicava a nossa vida como uma viagem de autocarro. Ou íamos a conduzir, com todas as nossas partes e dimensões, mas decidindo o caminho a percorrer, ou então eramos conduzidos por outros, pela vida, pelo chefe, pela sociedade, pelas circunstâncias.
Assim é quando olhamos para o espelho, ou assumo que sou toda eu ali, com as minhas imperfeições, duvidas, mas também vitórias, beleza, confiança ou acredito que o que me limita está fora de mim e aí estarei sempre a ser conduzida na vida, indo parar a um destino que não é o meu.
