O que nos acontece é de pouca importância em comparação com as histórias que contamos a nós mesmos sobre o que acontece.
Esta é uma daquelas frases poderosas, mas que nem sempre é fácil de entender.
Costumamos rotular os acontecimentos das nossas vidas, as situações que enfrentamos, os desafios que nos aparecem… Faz parte do ser humano. É intrínseco a nós, porque todos nós precisamos de uma história que nos faça entender o mundo, as nossas emoções, os nossos sentimentos, o que se passa dentro e fora de nós.
Mas, a verdade, é que essas histórias são nossas e são bem mais poderosas do que os acontecimentos. Nenhum acontecimento traz uma história agarrada, como se de uma bula de medicamento se tratasse. Não. Os acontecimentos, as situações ou os desafios são apenas isso… acontecimentos, situações, desafios. Nós é que lhes atribuímos as cores que decidimos dar, que nos convém dar, que sabemos dar. Porque, os acontecimentos, em si, são neutros. Sim, neutros. Eles não nascem com um rótulo colado nem trazem uma cor agregada. Nós é que lhes atribuímos a cor e colamos os rótulos.
Por isso, comecei este artigo com aquela frase, porque, realmente, o que nos acontece é de pouca importância se os compararmos com as histórias que contamos a nós mesmos sobre isso que nos acontece.
Os pensamentos exercem um enorme poder sobre o nosso cérebro e sobre o nosso corpo. E ambos – mente e corpo – guardam as memórias desses pensamentos por muito, muito tempos, por isso, é tão fácil, natural e rápido rotular o nosso mundo.
E rotular não é todo mau. Mas é preciso que coloques o rótulo adequado. E isso aprende-se e treina-se.
Por exemplo, tens um acidente de carro. Tu não sofreste qualquer lesão, mas o carro ficou algo danificado. És tu que vais decidir a história que vais contar a ti mesmo sobre este acontecimento. Podes escolher por te centrar nos estragos do carro, no quanto isso te vai custar, nos transtornos que vai gerar, no tempo que estará em reparação, e tantas, tantas outras coisas negativas.
Ou, então, podes decidir escolher a história que contas sobre o quanto tiveste sorte, foste abençoado por estares bem, por estares vivo, por não te teres magoado, por não teres magoado outra pessoa… E, quando, olhares para o carro, de certo que, o teu pensamento já não vai ser derrotista… vais, antes, pensar… oh, o carro, depois vê-se que solução vou arranjar. Para já, vai para oficina e, depois, logo se vê.
É óbvio que tudo o que antes pensaste sobre o mau estado do carro e sobre as consequências de um carro desfeito, amassado não desaparecem como um passe de mágica. Não.
A diferença está na forma com a tua atenção se focou nos aspetos negativos. Ao escolheres veres por uma outra perspetiva, de relativizares o que te acontece, abres, imediatamente a tua mente para as soluções, para aquela luz que nos brinda com ideias, com força, com clareza.
Percebeste, agora, por que os acontecimentos são neutros? E, percebes como um pensamento e uma atenção mais retida naquilo que é mais positivo te pode ajudar a levantar a cabeça e a seguir em frente e continuar a viver a tua vida, o teu tempo, sem intervalos, sem pausas… tantas vezes, desnecessárias.
A perspetiva como decides ver a tua vida e o que te acontece define o TODO o TEU TEMPO, a cada minuto, a cada segundo… Por isso, começa a contar-te novas histórias. Repara naqueles pensamentos quue já se prenderam á tua memória e começa a mudá-los para o tom, o valor, o significado que, realmente, te permite continuar a TER TEMPO e a vivê-lo com TEMPO.
Joana Rei Duque
